Páginas

sábado, 30 de junho de 2012

Urbano



 Eis que ela decidiu procurar uma cartomante. Talvez tenha sido um erro (na verdade o foi) mas ela não sofreu consequência alguma. De qualquer forma, ela achou “urbanamente poético”: Telefonou para o número colado nos postes, marcou a consulta e se sentiu num conto do Machado de Assis. Mas sem aquela tragédia toda.
“Trago o amor de volta em 2 dias”. Era um slogan lindo, pensou ela. Prático, atraente e tão... urbanamente poético. Chegou a terça. Ela pegou o ônibus para ir à tão mística mulher.
Mas, quando entrou no transporte, percebeu o erro. Não que tivesse pegado o ônibus errado. É que a cartomante não poderia ajudá-la. Não poderia trazer de volta um amor que nunca mesmo veio.
Outra coisa que ela percebeu foi que isso não a machucava. Não mais. O tempo é realmente um remédio versátil. Cura o tudo. Cura até mesmo as feridas que ele mesmo causa. Esquisito. E urbanamente poético também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

me diz o que você tá pensando?