Caro ex-quase-amor,
Estou mais uma vez aqui falando pra você que não sabe quem
é, e provavelmente nem vai ler isso. Ou talvez nem tenha a oportunidade, porque
essa talvez entre para a pasta das “jamais entregar”. Enfim, isso não importa. Também
não sei o que realmente importa.
Mais uma coisa que não sei é se um dia vou parar de sempre
te ver como um possível amor. Palavrinha forte, essa, né? E clichê. Hoje em dia
quem a diz com seriedade não precisa ser levado a sério. Babaquices a parte, eu
falei sério. Eu gastei muitos sonhos bonitos com você. Eu não lamento isso, mas
também não aplaudo. Já disse que você não a teve a menor parcela de culpa. Eu
sei que fiz tudo isso sozinha.
Acho que ainda vou ter muita gente com a qual sonhar e tudo,
e tal. Mas também acho que quando eu tiver com uns 45 anos, vamos nos encontrar
e vou sentir certas cócegas no coração. Vai vir todo aquele borbulho de
juventude (a qual vivo agora parecendo ter 87 anos). Vai vir aquela pergunta maldita: “E se...?” O pior é
que, nesse caso, ela vem com a resposta: Sim. A gente daria certo. A gente
seria um “nós” bonito. Mesmo que só por uns meses. Só por um segundo. Não sei pra você, mas isso bastaria pra mim.
De qualquer forma, juro que é a última. A última carta que
te escrevo e não te entrego.
Te vejo no nosso encontro aos 45 anos.
Com quase-amor,
Eu.
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