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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

No meu sofá



Olá Solidão, você por aqui de novo? Esqueceu alguma coisa?

Ah, desculpa. Não percebi que você nem mesmo foi embora. Desculpa. Eu até tinha arrumado suas malas para você finalmente ir, cheia de esperança que dessa vez você ia parar de abusar da minha hospitalidade. Mas errei, não foi? Como sempre. Sempre mesmo.

Você estava era esticada no meu sofá, com as pernas pro alto, sem a menor vontade de ir embora. Nem notei, estava ocupada me iludindo por ali. Mas tudo bem, vou dar de ombros. Pode continuar a ocupar meu sofá. Eu já aprendi que não vou conseguir te tirar daí.

Ô, Solidão, querida, não é que eu te odeie. Quer dizer, pelo menos não o tempo todo. Mas é que você já está aqui há tempo demais, tanto tempo que não lembro de um único momento em que você não estivesse do meu lado. Agradeço seu companheirismo, mas é que... tem tanta gente por aí que merece sua presença também! Aliás, às vezes consigo achar que eu nem mereço. Deixa eu saber como é a vida sem você. Se for pior do que é hoje, eu volto, meu bem. Juro que volto. Mas deixa eu me machucar, deixa. Deixa eu errar, deixa eu aprender que você é que é segura.


Gap - The Kooks

2 comentários:

  1. É, por mais que a solidão seja algo que nos prenda a tantas coisas, somos acostumadas a gostar dela. E então, depois de tantas decepções, ela é a única que sabe nos confortar, que nos faz ''sentir bem''. Adorei o texto!

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  2. Aprendi tanto com a tal solidão que às vezes é difícil dispensá-la. Acho que muita gente é que se conforta com a "companhia" dela, tipo eu. Você se supera sempre!

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me diz o que você tá pensando?