Eis que ela decidiu
procurar uma cartomante. Talvez tenha sido um erro (na verdade
o foi) mas ela não sofreu consequência alguma. De
qualquer forma, ela achou “urbanamente poético”: Telefonou
para o número colado nos postes, marcou a consulta e se sentiu
num conto do Machado de Assis. Mas sem aquela tragédia toda.
“Trago o amor de
volta em 2 dias”. Era um slogan lindo, pensou ela. Prático,
atraente e tão... urbanamente poético. Chegou a terça.
Ela pegou o ônibus para ir à tão mística
mulher.
Mas, quando entrou
no transporte, percebeu o erro. Não que tivesse pegado o
ônibus errado. É que a cartomante não poderia
ajudá-la. Não poderia trazer de volta um amor que nunca
mesmo veio.
Outra coisa que ela
percebeu foi que isso não a machucava. Não mais. O
tempo é realmente um remédio versátil. Cura o
tudo. Cura até mesmo as feridas que ele mesmo causa.
Esquisito. E urbanamente poético também.